Oradores convidados

Eliane del Lama
Bio: Eliane Aparecida Del Lama. Geóloga, professora associada do Instituto de Geociências da USP e pesquisadora do GeoHereditas (Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo). Orientadora do programa de pós-graduação Geociências (Mineralogia e Petrologia). Áreas de Pesquisa: conservação da pedra e geoturismo urbano. Participou do 17th International Course on Stone Conservation oferecido pelo ICCROM (International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property) em Roma, Itália, em 2011.
Titulo: Pedras do Patrimônio Portuguesas no Brasil
Resumo: O patrimônio pétreo brasileiro tem uma ligação forte com Portugal. Muitas pedras portuguesas são encontradas no Brasil, com especial destaque para o Calcário Lioz, muito utilizado em cidades costeiras desde o período colonial, como Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e Belém.
Esta pedra foi muito utilizada revestindo edifícios eclesiásticos, públicos e civis, ornamentações variadas, e arte tumular.
Outras pedras portuguesas utilizadas no Brasil incluem o Mármore Estremoz e a Brecha da Arrábida.
Essas três pedras citadas foram reconhecidas pela IUGS (União Internacional das Ciências Geológicas) como Pedras do Patrimônio (Heritage Stone) ratificando sua importância para Portugal, e consequentemente para o patrimônio brasileiro.

Hélder Carita
Bio: Hélder Carita interessa-se por literatura clássica e de viagens, música étnica, arquitectura e artes decorativas. Concluiu o Doutoramento em História da Arquitectura e Urbanismo pela Universidade do Algarve em 2007. É investigador integrado no IHA/NOVA FCSH.
Titulo: Janelas de Carepas em Goa: origens e variantes tipológicas
Resumo: Caracterizando-se pelo uso pequenas placas de ostra substituindo o vidro, as janelas de carepas, como são denominadas em Goa, apresentam-se, hoje, como um ex-líbris da arquitectura goesa, constituindo, pelas suas variantes formais, delicadeza de linhas e marcado exotismo, um elemento fundamental para a caracterização da identidade da arquitectura indo-portuguesa.
Desenvolvendo-se no território de Goa, no século XVI, as janelas de carepas vão cruzar práticas construtivas portuguesas com tradições mais longínquas que estendem ao Sul da China e a Macau. Propomo-nos, neste estudo, abordar a formação e as diferentes tipologias e variantes que se foram manifestando ao longo dos séculos cruzando iconografia antiga, relatos de viajantes e documentação arquivística, dos séculos XVI, XVII e XVIII muito particularmente contractos de obra realizados pela Camara de Goa.

João Mendes Ribeiro
Bio: João Mendes Ribeiro nasceu em Coimbra em 1960. Licenciado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 1986. Doutorado pela Universidade de Coimbra em 2009. Professor Associado no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia.
Prémio Architécti, 1997 e 2000 (Lisboa); Highly Commended no AR awards for emerging architecture, 2000 (Londres); Prémio Diogo de Castilho 2003, 2007, 2011, 2017 e 2021 (Coimbra); Prémio João Almada 2021 (Porto); Prémio FAD 2004 Interiorismo, Prémio FAD 2016 Arquitectura e Prémio de Opinião FAD 2022 Interiorismo (Barcelona); Gold Medal for Best Stage Design, 11th International Exhibition of Scenography and Theatre Architecture – Prague Quadrennial 2007 (Praga); IV Prémio Enor, na categoria Portugal, 2009 (Vigo); Prémio BIAU, Bienal Ibero-Americana de Arquitectura e Urbanismo, 2012 (Cádiz) e 2016 (São Paulo); RIBA Award for International Excellence 2016 (Londres); Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2017 e 2021; Prémio BigMat 2017 (Luxemburgo); XII Prémio Secil de Arquitectura 2020 (Lisboa); Prémio Nacional Arquitectura em madeira 2021 – PNAM’21.
Menção Honrosa no Prémio Nacional de Arquitetura em Madeira – PNAM 2013 (Lisboa), Prémio IHRU 2015, Prémio Nuno Teotónio Pereira 2017 e Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2021 e 2022. Nomeado para o DOMUS International Prize for Restoration and Preservation 2017 e European Union Prize for Contemporary Architecture – Mies Van Der Rohe Award 2001, 2005, 2011, 2013, 2015 e 2022 (Barcelona) do qual foi seleccionado em 2001 e 2015. Menção honrosa no DOMUS International Prize for Restoration and Preservation 2021. Finalista da II e IV Bienal Iberoamericana de Arquitectura e Engenharia Civil, 2000 e 2004 (Cidade do México e Lima); do Premis FAD d’Arquitectura i Interiorisme 1999, 2001,
2002, 2004, 2006, 2012, 2016, 2017, 2018 e 2022 (Barcelona); do Prémio Enor 2009, 2011, 2014 e 2017 (Vigo); do Prémio 2017 AZ Awards for Design Excellence e do RIBA International Prize 2016 (Londres). Em 2007 recebeu o prémio AICA da Associação Internacional de Críticos de Arte/Ministério da Cultura, atribuído pelo conjunto da sua obra e em 2006 foi distinguido pela Presidência da República com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
Coimbra, Dezembro de 2022
Titulo: Termas Romanas De São Pedro Do Sul
Resumo: O espaço termal romano de S. Pedro do Sul situa-se na margem do rio Vouga, próximo da nascente de água termal. O edifício, de fundação romana (séc. I d.C), manteve grande parte da estrutura primitiva e encontra-se classificado, desde 1938, como Monumento Nacional. A sua diversificada ocupação ao longo dos séculos não impediu a prevalência da estrutura romana, mantendo-se ainda grande parte das paredes e o arranque das coberturas. O projecto de valorização, reabilitação e conservação teve como base a recuperação do edifício, propondo a intervenção mínima necessária para a
sua utilização e correcta percepção. A recuperação das características mais marcantes do ambiente do período romano foi trabalhada a partir da escala, da luz e da presença da água.

Maria do Carmo Ribeiro
Bio: Professora Auxiliar do Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (Braga, Portugal). Investigadora integrada do Lab2PT (Laboratório de Paisagem, Património e Território / Universidade do Minho). Doutorada em Arqueologia (Universidade do Minho, 2008). Principais áreas de interesse e investigação: Arqueologia e História Urbana; evolução morfológica dos espaços urbanos, desde a época romana até à Idade Moderna; História da Construção, numa perspetiva diacrónica (organização dos estaleiros de construção, materiais, arquitetura e técnicas de construção). Participou e organizou vários encontros internacionais. É autora e coautora de vários artigos e membro de organizações científicas, nacionais e internacionais.
Titulo: Desafios construtivos em torno do abastecimento de água às cidades, desde a época romana até à idade moderna.
Resumo: As atuais preocupações com as mudanças ambientais, nomeadamente com a falta de água, têm suscitado o desenvolvimento de projetos com foco no passado, que procuram conhecer os desafios e as soluções construtivas encontradas em torno do abastecimento de água às cidades. Procura-se, por um lado, poder reabilitar algumas antigas soluções construtivas, por outro, valorizar o património construído em torno da água e, deste modo, sensibilizar para a necessidade de preservar este importante recurso.
O objetivo desta comunicação, centrada no estudo de algumas cidades portuguesas, como Braga, Guimarães, Porto ou Lisboa, é analisar as diferentes soluções construtivas e arquitetónicas em torno do abastecimento de água à cidade, desde a sua captação até ao consumo final pela população, entre a época romana e os períodos medieval e moderno.

Thais Sanjad
Bio: Arquiteta e Urbanista – FAU/UFPA (1998). Doutora em Ciências, Geoquímica e Petrologia – PPGG/UFPA (2007). Mestre em Arquitetura e Urbanismo, Conservação e Restauro – PPGAU/UFBA (2002). Professora da UFPA, faculdades de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e Conservação e Restauro (FACORE), PPGs em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) e Ciências do Patrimônio Cultural (PPGPatri). Coordenadora do LACORE (Pesquisa) e do Mercedários UFPA. Membro da ANTECIPA e do ICOMOS Brasil. Bolsista PQ – CNPq, nível 2. Parecerista ad hoc da CAPES e do CNPq.
Titulo: Patrimônio azulejar na Amazônia: a história entre os desafios da preservação e a transformação das construções na cidade de Belém
Resumo: O azulejo exposto há mais de um século e meio às ações intempéricas e antrópicas de Belém, apresenta processos de alteração relacionados a tecnologia de produção e ambiência e geralmente recaem na perda do vidrado. Diante da diversidade tecnológica azulejar, observa-se a relação entre técnica e processos de alteração do ambiente amazônico e os estágios que vão do que pode ser restaurado ao que não há mais condições de salvar a camada vitrificada por ela não mais existir, porém a chacota pode ser reaproveitada para produção de réplicas ou como matéria prima para novos produtos.

David Wendland
Bio: David Wendland, Professor de História da Construção, Brandenburg University of Technology, Cottbus (Alemanha). Licenciado em Arquitetura, Doutorado pela Universidade de Stuttgart com uma tese sobre a construção de abóbadas à mão livre e a arquitetura do Renascimento Gótico. Detentor do ERC Starting Grant sobre o tema “Design Principles in Late-Gothic Vault Construction – A New Approach Based on Surveys, Reverse Geometric Engineering and Reinterpretation of the Sources” (2012-2017) e do ERC Proof of Concept Grant “Late Gothic vaults and their complex stone members: Recovering historical design procedures, implementing knowledge in restoration practice”, colaborando com as Oficinas da Catedral em procedimentos históricos de estereotomia. Consultor científico na reconstrução da abóbada da Capela do Castelo de Dresden.
Titulo: Em direção ao gótico: Projeto e construção das altas abóbadas de
Notre-Dame em Paris e possíveis origens
Resumo: As abóbadas da Catedral de Notre-Dame em Paris são um marco no desenvolvimento de abóbadas góticas altas e amplas – pelo seu tamanho e pela complexidade de sua construção em pedra.
O dramático incêndio que danificou parte das abóbadas, mas que também evidenciou o seu notável desempenho estrutural, tornou clara a necessidade de uma melhor compreensão destas estruturas, ao mesmo tempo que deu uma visão profunda dos detalhes construtivos. As investigações atuais evocam análises geométricas de abóbadas góticas do período inicial, observações sobre detalhes de construção in situ, desenhos históricos, com experiências em grande escala onde são analisados o projeto, a transferência de informações para a construção e os procedimentos de construção.